A revista BBC-online publicou um artigo intitulado: “The Hidden Ways Architecture affects how we feels” - junho 2017 (Trad. liv. “Os efeitos Ocultos da Arquitetura que afetam nossa Saúde e Bem-Estar). Sobre a intuição, que profissionais e clientes já tinham sentido, onde a Arquitetura afetaria nossas emoções, comportamentos, sensações e poderia ajudar a nos tornarmos mais felizes; passamos hoje a ter Fatos Científicos que comprovem o impacto.
Inicialmente, essa declaração pode parecer algum mantra, ginga de marketing, ou uma sobrevalorização de um mero efeito de “feeling good”. Mas como revela o jornalista Michael Bond, a arquitetura passada ao estudo da ciência demostra o seu real impacto.
Formadora de comportamentos positivos e estimulante para manter nossos hábitos saudáveis, a Arquitetura na era da Neurociência se revela impactante sobre nós: nos ajuda a manter a produtividade no escritório, nos incentiva a se conectar com o outro, facilita termos experiências com nossa família em casa, favorece o aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo de nossas crianças.
O efeito da Arquitetura acontece em todas as escalas: da arquitetura de interiores, à sua cozinha, aos prédios onde trabalhamos, onde nossas crianças estudam, compramos, viajamos até na escala da cidade.
Nosso modo de vida moderno pode nos deixar confusos ou estressados. Somos afetados pela proliferação de informações que temos para analisar, nosso tempo livre é passado sobre as telas de celulares, a crise econômica acelera a competividade entre nós e a crise ecológica está cada vez mais presente. Parte crescente da população é hoje afetada com: - problema de concentração e foco - dificuldade de desenvolvimento cognitivo - crescente competividade empresarial que nos coloca em situação de estresse - a dificuldade de viver em nossas cidades modernas dificulta e desestabiliza cada vez mais pessoas - sentimento de solitude crescente de parte de nossa população - problemas de saúde como distúrbios de sono, obesidade, depressão ou angústia crescente.
A arquitetura foi pensada e teve mudanças frentes aos sérios problemas de saúde. Mas os problemas atuais ainda não tiveram respostas claras da arquitetura. Precisamos repensar nosso ambiente para a vida moderna.
A Arquitetura na era das neurociência
Para entender a importância do assunto, Grupos de científicos de escala tal como Harvard, UCL, University of Cambridge, Temple University, Heidelberg University se mobilizaram e criaram grupos que reunem Neurocientistas, Psicólogos do espaço, Cientistas do Comportamento Cognitivo, Arquitetos, Designers e Engenheiros.
A pesquisa usa meios tecnológicos modernos, faz estudos em laboratório, usa a Realidade Virtual, realiza pesquisa de campo com captores instalados sobre o corpo, pulseiras que monitoram a condutância da pele (um marcador de excitação fisiológica), Eletroencefalograma (EEG), fones de ouvido que medem a atividade cerebral relacionada a estados mentais e de humor, além de aplicativo no celular para registrar nosso estado mental e físico.
“Hoje, à intuição do que funciona ou não na arquitetura, aos simples questionários de satisfação, podemos adicionar provas científicas ” - Professora Kate Jeffery do Institute of Behavioural Neuroscience and Department of Psychology, UCL.
A Arquitetura nesse formato é muito mais que intuição e escolhas de possibilidades que poderiam funcionar (mas também podem não funcionar), e se transforma numa arquitetura mais eficiente e sustentável.
As evidências trazidas pelas ciências
Nos últimos 15 anos, as Neurociências foram instrumentais para descobrir o quanto o meio ambiente, especialmente nossas cidades afetam pessoas morando e crescendo nelas.
Hoje aprendemos que existe uma correlação direta entre o ambiente construído e o estresse, resultante de uma variedade de mau funcionamento e problemas psicológicos.
Sabemos agora, por exemplo, que crescer em cidades marcam nosso cérebro (1), afetando o seu funcionamento, desregulando nossa reação biológica ao estresse, e que células especializadas na região do hipocampo de nossos cérebros estão sintonizadas com a geometria e o arranjo dos espaços que habitamos (2). Uma ampla variedade de pesquisa das neurociências e psicologia do ambiente revelaram as qualidades restaurativas do ambiente natural, somente impactos positivos sobre a saúde mental além de forte correlação com a felicidade (3)..
Segundo o Professor Colin Ellard, Neurociêntista cognitivo na Universidade de Waterloo, Ingleterra, as fachadas dos prédios afetam nossas atitudes, os detalhes no design da fachada podem influenciar a afiliação e promover o capital social.
Na escala de cidade, um estudo revelou também que nossas ruas podem criam uma sobrecarga cognitiva. Isso acontece quando os níveis de estimulações são muito elevados (congestionamentos, sinais visuais, barulhos, confusão etc) sufocando nosso sistema cerebral, esgotando nossa capacidade de atenção, e fragilizando nossa capacidade de autocontrole.
(1): Prof. Andreas Meyer-Lindenberg of the University of Heidelberg's Central Institute of Mental Health in Mannheim, Germany (2): University College London, Institute of Behavioural Neuroscience, Department of Experimental Psychology, London, UK
(3): MD, Dr. Rebecca Habtour of University of Maryland, College Park,
O que podemos fazer para melhor nosso quotidiano?
Existem muitas diretivas de projetos, baseadas em experiências, de como podemos construir edifícios que sejam melhores para nós, que colocam o bom desenvolvimento humano no centro. Essas devem ser centrais na concepção de nossas casas, locais de trabalho, escolas, cidades onde nossas crianças crescem. Estamos todos cientes que existem prédios que suscitam o “Uau”, uma mistura de admiração e surpresa, supermercados onde se perde a noção do tempo e espaço, a neurociência pode trazer à arquitetura hospitais e escolas mais eficientes e centradas sobre nosso bem-estar. Isso é possível em todas as escalas: de arquitetura de interiores à cidade em si. As edificações e ambientes interiores, onde passamos 87% de nossa vida, tem um impacto cognitivo sobre nós, afetam nossas reações biológicas, nossos comportamentos e vidas de nossas famílias e parentes. O que podemos fazer para reformar nosso ambiente? Elaboramos a seguir 7 sugestões para aumentar seu Bem-Estar e para colocar em prática:
- Focalizar sobre a qualidade de experiência no ambiente que sera construido ou reformado. Valorizar o design de nossas casas para fazer bem: criar saúde e não gerar doenças.
- Consagrar 20 minutos diarios consigo mesmo, de preferência próximo à natureza para potencializar a nossa restauração.
- Precisamos criar um tempo “off the grid” com nosso celular: evite usar o iphone no quarto à noite, você dormirá melhor.
- Tenha um Interior que facilite o estado mental de estar lá, presente para os outros.
- Tenha um ambiente que facilite a orientação: facilidade para achar os produtos e objetos necessários, organização que libere mais volume e espaço. Esse passo vai simplificar suas ações cotidianas e disponibilizar sua cabeça para as tarefas essenciais.
- Repense as luzes da sua casa para preservar o seu ritmo circadiano - um tipo de relógio interno que prepara seu corpo para o dia e para dormir, normalmente em sintonia com a evolução natural da luz natural.
- Influencie a comunidade para melhorar a sua Rua: um passo importante para melhorar sensivelmente nossa saúde é ter contatos sociais. Melhorando a sua rua com, por exemplo, um projeto coletivo de jardim. Você também pode conversar com seus vizinhos sobre a plantação de árvores e ajudar a planejar a limpeza da calçada, esse tipo de ação vai trazer mais natureza próxima ao seu habitat.
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